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Acordou às 4 horas da manhã com o coração minúsculo, tinha sonhado que estava a chorar. Há muito que chorar e dormir tinham deixado de ser tarefas fáceis. Passeou-se pela casa, enroscou-se no sofá, olhou para os seus pés descalços e tentou não pensar
Atendendo à estreia do filme "Vinicius", aqui fica uma verdadeira pérola.
"Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure"
Ana
Acho que um dos problemas da igreja católica actualmente é haver cada vez mais católicos participativos e cada vez menos católicos praticantes...
Ana
- Preventivo? (inqueriu ela com ar de manifesto gozo)
- Sim “preventivo”! Tenho de ter cuidado com o que digo, por causa das tuas reacções e interpretações estapafúrdias.
- Como queiras! Como correu a tua ida à Psicóloga? Gostas-te dela?
- É uma carcaça, e já tem bastante idade! Gosto de mulheres mais novas! A pele está um estado péssimo, os dentes então uma catástrofe, são de quem fumou ou bebeu muito.
- Pensei que tinhas ido à consulta para tratares de ti! (Disse rindo satisfeita). Pelos vistos era para o engate, não ganhas juízo! Perguntei-te apenas se era boa profissional, é isso que interessa para o caso!
- Estás a ver pões palavras na minha boca, por isso tenho que ser "preventivo", contigo não há outra hipótese, não há mesmo outra hipotese! (Bramiu furioso)
Maria João F.
É mais fácil esperar do que desistir. É mais fácil desejar do que esquecer. É mais fácil sonhar do que perder. E para quem vive a sonhar, é muito mais fácil viver.
Ana
Nas noites quentes e húmidas os tambores rufavam, em tom de festa a anunciar mais uma morte. Na época das chuvas, as crianças de barrigas inchadas e umbigos salientes morriam numa cadência dramática, sucumbindo às doenças cruéis e fome. Nos dias de chuva tépida os meninos e meninas desnudos e esfomeados corriam para as poças e dançavam nelas, rebolando entusiasticamente no barro quente e na água morna, indiferentes à morte, repletos de vida. Enquanto o dia durasse havia gritos de alegria no ar, de noite os mortos eram velados, numa parafernália confusa de rituais, misturados pelo som de tambores, cânticos crioulos, danças freneticas com os pés descalços bem colados ao chão. Os defuntos eram colocados em ornamentadas cadeiras e passeados entre cânticos e gritos telúricos - Mãe oiço tambores, quero ir a essa festa. Como quem quer dizer – Mãe a vida corre ao lado. Quero pertencer a esse pulsar das gentes, deixa-os entrar no diapasão do meu desalinhado bater de coração.
Para amar não é preciso querer, mas tão só ter vontade de partir à descoberta de todas as facetas do amor, como se de um diamante em bruto se tratasse, retirado com esforço da terra e no qual podemos imaginar múltiplos brilhos potenciais. Amar não é um dado imediato, mas sim uma obra de cada instante que se constrói e se tece, com paciência e determinação.
Ana
Acordou com a certeza de que a vida dela dava um filme indiano. A casa estava empestada de incenso (desde que o seu filhote tinha decidido juntar todos os pivetes, feito uma pequena pirâmide e quase ateado fogo à casa). No carro para descontrair, nas horas de ponta, tinha comprado um cd de música de meditação Hindu com chocalhos e cânticos com mantras, que já sabia de cor e papagueava com estranha devoção, fazendo estranhos movimentos com os braços e mãos, para desconcerto dos outros automobilistas. Na hora de almoço, retirava-se para um canto e alinhava religiosamente os seus sete Chakras, representado uma fé que na realidade não sentia nem entendia na sua totalidade. Quando se viu em frente de uma montra equacionando comprar uma pulseira para o tornozelo, de preferência com um guiso, ouviu os acordes da série “twilight zone” - “tiro niro tiro niro... you are entering in a new dimension of sound, leith..” e sentiu arrepios na espinha.
Maria João F.
“O seu filho pinta umbigo!”, afirmação de espanto e consternação proferida pela professora primária, em tom de gravidade absoluta.
Apeteceu-lhe rir às gargalhadas, apenas lhe ocorreu dizer: “o raio do miúdo inventa cada uma!”
Sentiu-se orgulhosa, o menino puxou à mãe, ainda se lembrava das horas que passava com coloridas canetas de feltro em puro deleite a ornar o seu umbigo: girassóis, sois, flores coloridas, balões as mais fantásticas composições abstractas e o que mais lhe desse na gana no momento.
Obras de arte incompreendidas, que não podia partilhar com ninguém, segredo bem guardado na sua barriga redonda.
O menino olhou para ela com cara comprometida “mãe fiz alguma asneira?”. Sorriu deu-lhe uma beijoca gostosa e demorada na testa repleta de ternura, saíram felizes da escolinha entrelaçados: ela a sua cria e os umbigos orgulhosamente enfeitados.
O seu amigo Pitanga, sem ela dar por isso, tinha virado o seu Xaman. Graças a ele, criou-se no caos, um espaço quase sagrado, onde ela partilhava e debatia vivências e experiências. A vivência prometia trazer a linguagem em seu cogito existencial e transpessoal com a esperança de paz, prazer e alegria de viver.