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Amor é...
Levantar-me todos os dia de manhã pensando se me vou cruzar contigo.
Sentir borboletas no estômago ao ouvir a tua voz ao dobrar da esquina.
O coração querer saltar-me do peito perante a expectativa do encontro tão ansiado.
Corar perante o teu olhar.
Deposito nas tuas mãos o meu corpo, a minha vida, todo o meu ser.
Logo se ouvem vozes afirmando que isto é comportamento de adolescente, de gente imatura, que um adulto não se comporta assim... se assim é, então por ti, eu quero ser adolescente toda a vida...
Ana
Tinha colocado na entrada da sua casa, um menino Jesus patusco envolto na primeira botinha de lã do seu filhote e à sua frente em jeito de oferenda pagã uma taça de sonhos de abóbora regados com calda de açúcar e canela. Sentia que era imaculada e autentica aquela singela consagração de culto cristão, e só por si ela bastava.
Em tempos idos teve um presépio de mais de 100 peças e 1000 luzes: capela iluminada, manjedoura feita de madeira e telhas verdadeiras, rodeado por um rio de água accionado por um complexo sistema mecânico que colocava em movimento dois moinhos. Tal aparato demorava pelo menos um fim-de-semana a instalar, num lar de fachada perfeita em teatralização de afectos constante. Nesses tempos idos, aquela parafernalia simbolizava de forma evidente a máxima que “tudo que é demasiado gritante não é verdadeiro”.
Agora havia um menino Jesus bem agasalhado dentro de uma botinha amarela e doces para adoçar a boca e em extrapolação natalícia a vida dos seus amigos, prenúncio de um Natal mais verídico, mais íntimo, quentinho e bem arrematado como os laços em maneira de nó dos sapatos do seu filho.
***********Feliz Natal***************
Maria João F.
Adorava sentir-se imersa numa banheira quente cheia de espuma, habitáculo doce e protector, com água doce até às narinas e olhos semicerrados como um crocodilo. Naquela flutuação bem-aventurada, à beira da submersão, com a atenção entorpecida, envolta pelo cheirinho gostoso a manga – óleo de banho com pérolas da “the SoapStory” (oferta absolutamente feliz de uma amiga conhecedora dos seus rituais de evasão), esquecia-se de quem era afinal, dissolvendo-se prazenteiramente nas bolhas do banho.
Maria João F.
- O Quinzinho voltou ao ataque! Começou uma campanha orquestrada com vários telefonemas, iniciando a ofensiva diária com mensagens do género “Booommmm diiaaaaa olá pikena para Kuando o nosso cafezinho J”, é de uma persistência impressionante.
- Quinzinho o terrível Homem Lontra?
- Sim, esse mesmo! O artista compacto provido de uma barriguinha preponderante, que tinha a irritante mania de nadar sob mim na piscina. Sensação estranha e inesquecível, uma pessoa a nadar calmamente, olhar para baixo e deparar com um homem em apneia a bambolear-se a meros centimetros de distância, quase corpo a corpo, acompanhando as braçadas artísticas com estranhas caretas. Qual ritual de acasalamento entre duas espécies raras de mamíferos marinhos, digna de documentário no National Geographic.
- Pelo menos não o podes acusar de falta de fôlego nem de criatividade.
Maria João F.
A miúda, cada vez que se atirava ao Major era desclassificada automaticamente. Tenentes, Sargentos e Soldados eram todos varridos pela manga da camisola da fedelha que queria sofregamente acumular os 10 pontos da vareta amarela. Desajeitada por natureza ficava sempre, mas sempre, em último lugar. Mesmo quando era menos gananciosa e resolvia pegar antes num mero soldado para garantir dois pontinhos, com os nervos dava um safanão nas pernas da mesa e fazia tremer a hierarquia militar. Alexandra, Marta e Teresa eram as parceiras habituais de Mikado e estavam acostumadas à sua nabice. A primeira tentava aconselhá-la, explicando-lhe as estratégias, inventariando jogadas, dando-lhe palavras de apoio e alento perante a derrota que se avizinhava, a segunda torcia para que ela não mudasse e gostava do sabor da vitória“120 pontos, ganda abada!”e a terceira ria da sua inabilidade.
Uma tarde, a miúda não saiu de casa e ficou sozinha às voltas com o Mikado, estava farta dos seus tremeliques nervosos e da desculpa deslavada que a culpa era dos dedos serem pequenos demais, o segredo, como de resto como em tudo na vida, estava no treino. Prometeu-se que dali não saía até ter pontuação suficiente para atirar à cara das coleguinhas, sim que ela era marrona por natureza e disso muito se orgulhava. Mesmo sem o stress, a falta de jeito prevalecia. Como tinha um inconfessável mau perder, teve um ataque de raiva e atirou com os espigões ao ar. Ao caírem, um deles, um Major, ficou preso no seu cabelo. Cheia de fúria, respirou fundo, recuperou a compostura, recolheu-as, apertou as varetas com força, amedrontou-as com palavras ríspidas (da próxima vão pela janela fora!) e deixou-as cair novamente: o Major não se deixou intimidar, pelos vistos era imune à guerra psicológica, apenas um Tenente azul e quatro Soldados vermelhos ficaram acessíveis.
Era persistente como tudo, estava mais que visto que iria ser uma mulher de ideias fixas.
MIKADO:
Número ilimitado de jogadores
Contém: 1 vareta branca (General)
5 varetas amarelas (Major)
5 varetas azuis (Tenente)
15 varetas verdes (Sargento)
15 varetas vermelhas (Soldado)
Maria João F.
Margarite Youcenar escreveu, não consigo transcrever a citação, mas a ideia em traços gerais é esta “o verdadeiro nascimento é quando ganhamos consciência de quem somos”, daqui se deduz que a idade mental nem sempre coincide com a idade física e muito menos com a idade existencial. Como hoje estou um pouco amnésica, lembro-me de ler não sei onde, que um escritor Angolano com não sei que nome, sentiu que tinha nascido pela segunda vez quando descobriu que era mestiço. Ontem jantei com uma Senhora dos seus 50 e tal anos que tinha acabado de nascer, qual Fênix renascida das cinzas, uma delícia de companhia, a alegria de viver era contagiante. Cada um de nós deverá ter os seus momentos de renascimento e de tomada de consciência do EU. Assim sendo, muitos de nós somos recém nascidos com o B.I estupidamente enganado.
Maria João F.
- Uma piscadela de olho?
- Não é coisa pouca, a piscadela é um olhar enfático!
- Acompanhada com um sinal de cabeça, um sorriso secreto, um segredo ao ouvido, um toque debaixo da mesa…?
- Não, apenas houve uma piscadela, mas cheia de mensagem. Pareceu-me dizer “eu e tu sabemos mais alguma coisa".
- Huummmm
- Por causa da sua natureza secreta, a piscadela frequentemente é experimentada como um sinal de informalidade e intimidade. Concordas, não pareces convencida?
- Uma piscadela de olho, não estarás a exagerar?
- Conforme a pálpebra se fecha rapidamente, ela literalmente parece encerrar a outra pessoa em uma esfera de inclusividade. Esse dado foi comprovado e estudado, existem livros escritos sobre a linguagem fisionômica.
- Amiga, não será apenas um tique nervoso?
Maria João F.
O homem é sem dúvida um animal menos apaixonado do que alguns insectos. Se nós, mulheres, tivéssemos realmente de devorar os nossos amantes, como qualquer louva-a-deus ou viúva negra, que homem encontraríamos, mesmo entre os mais calorosos e mais ousados, os mais ardentes e apaixonados, os mais sexualmente obcecados, que ainda aceitasse ter relações connosco? Ficávamos sozinhas sem espaço para dúvidas!
Maria João F.
"Existir é fácil, viver é uma arte"
Ana
- Pois, mas a que preço, um dia destes apareço na TSF. Sabe, por falta de tempo as pinturas de guerra diárias foram feitas na A5, eu e mais uma cabazada de mulheres. Colocar rímel, baton e lápis nos olhos, no pára arranca não é tarefa simples, exige arte e uma excelente coordenação. Ainda dizem que as mulheres conduzem mal, enfim calunias.
- Acredito que seja complicado.
- Posso lhe assegurar que os outros automobilistas não compartilham a minha visão poética acerca da “suave ritualização” das minhas manhãs. Não repito os mimos que recebo por pudor, um bando de mal agradecidos que não respeitam a “beleza feminina” em hora de ponta. O senhor podia fazer uma concessão, e para evitar esta agitação diária, podia deixar-me chegar um bocadito mais tarde.
Maria João F.