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Conselho para uma amiga:
Marca dois encontros com dois homens diferentes para a mesma hora, na mesma noite. É exactamente o mesmo que comparar produtos antes de tomares a tua decisão de compra.Ficas a saber quem é pontual, quem se veste para causar boa impressão, quem se porta bem sob pressão, etc.
Tens, claro, de parecer surpreendida, pedir desculpa, consultar, várias vezes a tua agenda e, depois, veres o que acontece.
Se achares que é possível um dos tipos não aparecer, marca um encontro triplo! Pelo sim, pelo não. Não te esqueças de mencionar Darwin - de lhes recordares que quem sobrevive é o mais forte.
Esta técnica foi pensada, depois de muito matutar, na pergunta que a minha filhota mais nova, na altura uma inocente criança de sete aninhos de idade e já linda de morrer, me fez, com muita seriedade:
- Oh! mamã, eu posso ter dois namorados?
Ao que respondi, castradoramente:
- Claro que Não!
E ela, indignada:
- Oh! mãe! Porquê?! Eles não são iguais...
zelian
Entrou no mesmíssimo momento que a professora comentava com uma mãe; “sabe isto das mães divorciadas, não é a mesma coisa, tenho aqui uma miúda que trás sempre para o lanche pão barrado com mel, sabe não têm o mesmo desvelo, tem outras preocupações, são muitas noitadas, vidas…vidas”.
Verdade seja dita que teve de se conter para não as mandar para o raio que as parte. Passou em revista o seu papel como mãe expiando as suas culpas, depois achou que devia parar com aquele exercício masoquista e restringir a sua análise ao seu papel como cozinheira. Deduziu que o seu filhote era o maior da turma e que fisicamente estava óptimo (muita sopa de espinafre), a prova disso é que naquele ano tinha resistido a todos as gripes da escola (muitos sumos de laranja). Modéstia à parte também era o mais bonito, e os olhos dele eram inegavelmente os mais brilhantes (uma cenoura por dia tinha ajudado certamente), tinha uns dentitos lindos (meio litro de leite por dia eram o segredo), continuou satisfeita na sua sagaz analise, constatou que o petiz era excelente a matemática e estudo do meio (muitos mimos de bolos cobertos de chocolate) em português tinha tido grandes melhoras (muitas canjas com massas de letras).
Conclui, sabiamente que a conversa não era mais que dor de corno.
Maria João F.
Meus sonhos dançaram
Nas dunas da praia-
Passos de leveza
Da cor da areia-
E que terminaram com a maré cheia.
Às neves eternas
Meus sonhos subiram-
Sonhos de cetim,
De frio e de altura-
Que se diluíram
No meio da brancura.
Na floresta densa
Meus sonhos tocaram
Mundos de verdura,
De som e de imagem,
Mas sempre voltaram
Tão sós da viagem!
Em busca, secreta,
de um pouco de amor
Meus sonhos cruzaram
Centenas de espaços
E, apenas, se quedaram
No calor dos teus braços!!!
Zelian
A velha senhora apontou para a planta e com ar sério explicou que as suas sementes eram perigosas e que a criança estava determinantemente proibida de mexer nelas.
A pequena esperou pacientemente, quando a costa ficou livre, arrancou uma haste e saiu correndo, para o lugar secreto do jardim.
Sentou-se no chão, com atenção desmedida observou, cheirou, tocou e por fim trincou o piripiri. O efeito foi imediato, desembestada e aos gritos, pensando que ia morrer correu para junto das suas saias protectoras. Ela não a repreendeu, sossegou-a, deu-lhe água fresca para beber e colocou com desvelo manteiga na sua boca, por fim colocou-a no seu colo fofo, e a menina fechou os olhos e acalmou submersa naquele calor bom, cheirinho gostoso a lavanda, voz doce e festinhas na cabeça. Se depois de uma asneira se ganha o melhor sítio do universo, se é assim, então a miúda estava disposta a trincar todas as malaguetas que lhe surgissem pelo caminho.
Mãe e filho à volta dos trabalhos de casa:
- Hipopótamo é uma palavra?
- Esdrúxula!
- Muito bem fofinho! Tem o acento tónico?
- No umbigo!
- Não é no umbigo, as palavras não tem umbigo. Os mamíferos têm, as palavras não. Vamos, pensa, concentra-te! Em que sílaba encontra-se o acento?
- Na tri-ultima silaba.
- Filhote essa palavra não existe, é pena, faz sentido mas não existe.
Maria João
De tudo que havia para saber ela sabia tão-somente a razão de um corpo momentaneamente preso a outro. Desconhecia a razão das outras, tantas coisas. Por isso, não possui-a respostas universais, dúvidas metafísicas e complexos tratados sobre a vida. Não procurava nada e seguramente nada esperava, deixava fluir. Optou pelos sentidos. A água não se questiona e o vento não se arrepende e ela almejava ser apenas uma passageira brisa de levante ou o quente vento suão. Cada um tem as suas ambições.
Maria João F.
Após um longo fim-de-semana de profunda meditação, concluíram que o talento para o disparate era tal, que se tentassem descrevê-los teriam de o fazer em times new roman, tamanho 6, por forma a poder arquivá-los na suas consciências… consciência??? … O que é isso??? …cof cof
Ana e Maria João
A nica de gente subiu os enormes degraus um a um, evitando olhar para baixo pois sofria de tonturas, chegada ao topo nervosamente esperou pela sua vez, era tarde demais para desistir. Em passos pequeninos colocou-se na ponta da prancha, encheu o peito de ar, abriu os braços e sem pensar lançou-se para o vazio. Na queda tentou mexer os bracitos de cima para baixo, num ápice sentiu o som do impacto, com força foi lançada para o fundo, lutou durante um tempo que lhe pareceu interminável para romper a barreira da água. Como não sabia nadar debateu-se uns segundos para manter-se na tona, engolindo uns valentes pirolitos à mistura, até que alguém a resgatou daquela aflição. Na borda da piscina a mãe esperava-a mais uma comitiva de mirones admirados com a façanha. Pelos vistos a sua proeza tinha criado grande agitação entre as hostes, o público vociferava e queria explicações; “criança tonta, que te passou pela cabeça, aquela é a prancha dos crescidos”, “desmiolada sabes que não sabes nadar, não sabes?”. Sim, sabia que nadava que nem um prego, mas voar, voar tinha a certeza absoluta que conseguia, com o vento certo e mais um bocadinho de treino.
Maria João F.
Estava eu pacatamente na minha vidinha quando me cruzei com um poema de Gastão Cruz: O fim do dia. Não o vou transcrever todo, pois é uma canseira tremenda e este blog não pretende ser punitivo.
Vamos ao que realmente interessa a uma determinada parte o poeta diz: “olhai-lhe o pénis hirto a mandíbula fria conta-lhe os nervos de ouro uma fêmea de fogo” depois desta descrição deveras promissora em que o dito cujo é glorificado ele continua desta feita acusando a tal mulher fogosa de maxilar gelado de viver “do seu frio do seu choro” e pasmasse “ vai ficando jovem enquanto ele se extingue” até que por fim o falo “ é um jovem que sangra” e a tarada “se transforma numa virgem magnífica”.
É obvio que este tonto hino ao falo, não é mais que um desculpa para culpabilizar a mulher pela ejaculação precoce do macho e Deus sabe como nós não temos culpa nenhuma desses desaires. Tal visão falo/centrica me deixou petrificada.
Como é possível alguém, mesmo em alucinação criativa, achar que uma mulher ganha alguns dividendos de tamanha situação embaraçosa.
Desta feita bano Gastão Cruz cenário de uma escrita que se quer igualitária e paritária e em nome das mulheres que já passaram por cenários penosos de sexo mal parado e tiveram que dizer com ar empático a frase paradigmática “não ligues isso por vezes acontece”, exigimos um pedido de desculpas imediato.
Maria João F.
Quando o putativo príncipe comunicou publicamente (sem sombra de arrependimento) que tinha lido na diagonal o “O Principezinho” de Saint-Exupéry, que desconhecia a existência de “O Príncipe feliz” (sem falar dos sublimes “Gigante egoísta” e “O rouxinol e a rosa” de Oscar Wilde) e quanto a Mark Twain “O príncipe e o mendigo” nunca tinha ouvido falar de semelhante escritor, ela pura e simplesmente chumbou-o por incomparência do mais minimalista curriculum literário e como é obvio o deficit afectivo que tal acarretava!
Maria João F.