. Pó vivo!
. As duas Casuarinas - Cont...
. Profecia Familiar - Bem q...
. Noticia de ultima hora - ...
. Tai
. Romantismo masculino/Toda...
. Quem tem uma Tia assim nã...
Perguntas-me com ar teatral e condoído se realmente te amei, responsabilizando-me simuladamente, imputando-me as culpas por mais este fiasco.
Meu caro desconheço como se quantifica o amor! Qual a sua unidade de medida? Não sei como se faz a conversão de amor em desamor? m amor, dm de amor, cm amor, mm amor? Sei contudo que o contrario de amor é medo. No início tinha decalitros de colos para ti, jardas de abraços profundos, milhas de calorosos afagos, centímetros cúbicos de linguados absolutos, metros e metros de afecto incondicional. Depois, tive medo. Devo ter-te amado, amei-te seguramente, mas Amor levantado a zero é 1 e eu estava sozinha nessa equação. E tu meu caro, tu me amas-te, ou estavas noutra operação matemática?
Ela descobriu muito tarde no tempo e em má hora que os afectos também podiam ser teatralizados. Porém alguém lhe contou que só descalço se prolonga a vontade do desejo, com os pés nus bem assentes no pó da estrada, dedos espalmados de macacos trepadores. Nem sempre se pode fazer batota, existem leis superiores nos colinhos humanos, e ela voltou a acreditar na verdade dos sentimentos. Descalça, porém com o dedo mindinho encavalitado, podia o diabo tecelas agradeceu o conselho.
Maria João
O fenómeno ocorreu ali para a zona de Alfama ou da Graça, as testemunhas contradizem-se. Começaram por fazer amor muito ordeiramente no quarto, por conta de um nó cego com os cobertores deram um valente trambolhão, rolaram engalfinhados pelo corredor, e como a porta da rua estava inadvertidamente aberta, saíram enrolados para a rua, continuaram as hostilidades pelo chão frio da calçada portuguesa, desceram e subiram as sete colinas abertas para o rio, ali para os lados da Sé ou do Miradouro de Santa Luzia, mais uma vez as opiniões divergem, caíram num buraco e foram parar à China.
Ela achou que tal facto deveu-se a estar, naquela noite telúrica, possuída pelo espírito da intrépida alpinista Alexandra David-Neel, e da dinâmica imprimida pelo impulso compulsivo de trepar para cima (uma aspiração legitima), a verdade é que a escalada correu bem, e ela pôs os pés e o corpo no templo Potala. Esse contacto com o divino irrefutavelmente deu uma chancela mística a tal aparatosa gincana. Ele achava que ela era uma exagerada e não sabia com que cara ia encarar a vizinhança na reunião de condomínio por ter comprometido a integridade do edifício. Quem o tinha mandado deixar a porta aberta.
Maria João F.
Deitou-se na relva de barriga para cima
Fechou os olhos
O sol brilhava no céu quente, claro, transmitindo uma sensação de conforto, de aconchego
Quase sentia o calor do sol a aquecer-lhe a alma
Pensou em toda a sua vida, no seu trajecto
Reflectiu sobre acontecimentos anteriores
Oportunidades que deixou passar ao lado
Por desconhecimento ou medo, não sabia bem
Pessoas que entraram na sua vida
Pessoas que perdeu
Noites de solidão
Dias de angústia
Apesar de tudo isso, sentia-se bem, pelo menos naquele momento
Foi capaz de se sentir em paz consigo... quase feliz
Apesar das provações da vida
A Energia do Sol reconciliou-a consigo própria
Ana
Os contos de fadas, não são inocentes. Temos o “capuchinho vermelho”, que retrata um caso típico de sexo entre uma octogenária e um lobo insaciável, a “bela adormecida” a historia patética de uma jovem imatura e dependente que ainda acredita em cavaleiros andantes e sofria da doença do sono ou era dependente de xanax, a “casinha de chocolate” que retrata pais abandonicos e um caso de gulodice crónico, o “Peter Pan” um quarentão patético que se negava a crescer e possui-a um secreto fetiche por colans verdes, a aldeia de Asterix onde todos sofriam claramente de uma dependência a um tipo de droga psicotrópica e um caso de obesidade mórbida etc
Em miúda lera entusiasticamente as mil e umas noites, e não era poligâmica, quanto muito poligâmica faseada, não acreditava que isso fosse por conta do livro. Quando tinha sete anos, a boneca preferida namorava com um urso de peluche de nome Armando, o urso acumulava com uma boneca muito peneirenta de nome Nancy que andava envolvida com um palhaço que tinha uma guitarra com uma caixa de música, este último era espanhol. Verdade que na idade adulta tinha namorado com muitos ursos e palhaços com ou sem guitarra, e até com ursos com alguns dotes musicais, e em abono da verdade nem sempre dominavam a lingua de Camões, não considerava no entanto que tal se devesse ao facto de ter lido livros infantis demais mas sim a uma tendência inata para a asneira experimentalista.
Maria João
Passamos tanto tempo preocupados em pautar a nossa vida, a nossa conduta, pelo respeito estrito das normas morais e sociais que regem a nossa sociedade que, quando é tarde demais, a única coisa da qual não nos arrependemos é dos erros que cometemos.
Ana
O sol brilhava no horizonte
Mergulhava lenta e orgulhosamente
nas águas cálidas
qual bola enorme, redonda,
de um laranja radioso
A noite aproxima-se lentamente
espraiando-se no céu
deixando antever pequenas luzes
brilhantes, resplandecentes
A noite estava quente
Podia-se ouvir o mar no seu constante vai e vem
Eu, sentada defronte a ti
Mergulhei nos teus olhos
Perdi-me na tua voz
Embriaguei-me no teu perfume
Para não mais voltar
De repente
A realidade puxa por mim
Faz-me vir à superficie
Acorda-me do meu sonho eterno
Repleto de cores
Todas as cores de um arco-iris reinventado
No fim, ficou apenas a lembrança do azul profundo dos teus olhos
do cheiro agridoce do teu corpo
Lembrando-me que aqueles olhos não eram meus
Que aquele corpo não me pertencia
E pensei... talvez noutra vida...
Ana
Fazer por esquecer uma pessoa que faça parte de nós é como contar carneiros para adormecer: torna-nos mais despertos para ela e incomoda em vez de sossegar ou consolar.
A melhor forma de se ficar preso a um pensamento é fugir dele. Esquece-se mais facilmente alguém sempre que é relembrado e essas memórias nos balizam a expectativa e a exigência que iremos colocar noutras relações.
Por isso, e relembrando a propósito uma canção brasileira, de que guardei as palavras, há muitos anos, sem me lembrar já do título, autor ou cantora:
"Esqueci de tentar lhe esquecer
Resolvi lhe querer por querer.
Decidi lhe lembrar quantas vezes eu tenha vontade,
sem nada a perder..."
A melhor forma de esquecer alguém, ou pelo menos de essa lembrança não nos incomodar, é fazer por recordá-la; muitas vezes.
ZeliaN
Versículo 32 segundo o discípulo whatsoever: “Esforço-me por recordar os homens que quero esquecer”. O que no fundo é um prolongamento da frase bíblica do versículo 34, palavras sabias de Santa Maria Madalena “quantos homens estúpidos são necessários para esquecer um inteligente”.