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“Porque é que, na maior parte das vezes, os homens na vida quotidiana dizem a verdade? Certamente, não porque um Deus proibiu mentir. Mas sim, em primeiro lugar, porque é mais cómodo, pois a mentira exige invenção, dissimulação e memória.” Friedrich Nietzsche, in 'Humano, Demasiado Humano'. O que se deduz que o Nietzsche não confraternizou com o meu ex. marido, se o tivesse concluiria que em muitos casos existe a criação de uma falsa memória, pelo tanto a mentira pode ser de tal forma vivida como verdade que o mesmo até desconhece que mente. "De tanto se repetir uma mentira, ela acaba se transformando em verdade." Joseph Goebbels, ministro da Propaganda de Adolf Hitler e provavelmente autor de algum livro de cabeceira que o meu ex. Artista anda a ler. Tal caso não se aplica a um amigo meu, surfista zen, ultra paz e dotado da famosa capacidade da “mentira com perna curta” (característica de resto da raça masculina). O triste foi picado por uma terrível caravela lusitana nos mares tropicais do Guincho, numa famosa migração de alforrecas assassinas, resultado o pobre esteve hospitalizado duas semanas, completamente incomunicável e com os membros paralisados. "A natureza não admite mentiras [muito menos as alforrecas]” Thomas Carlyle. Uma história de fazer chorar as pedras, mas só aquelas com menos idade que eu, enfim sou pedra de riacho já muito rolada.
Maria João
“Criou-os homem e mulher [à sua imagem e semelhança] e os abençoou...”(Gen 5,2)
A obra da criação humana, diferentemente das outras obras criadas, carrega em si o querer e o propósito divino, pois quando Deus criou o homem, o criou pensando em Si como Modelo Perfeito. Sim senhora, belas palavras, mas tirando o paraíso da “fornicação e outras coisas semelhantes”, pois sem duvida se teve de fornicar muito para existir a humanidade (os chineses que o digam esses grandes formicadores), nesse tema Deus e eu estamos em sintonia, onde raio cabe nesse modelito divino “as guerras, discórdias, invejas, dores de cabeça, pêlos encravados sem falar da depilação a cera?”.
Maria João
Nota: Escrevi "formicadores" intencionalmente, nada de lapsos Freudinos ou ataques de dislexia. Criei uma palavra nova mais consentânea com a ideia que queria transmitir, fruto da intersecção entre formigas e fornicar. No fundo o meu estilo póetico a vir ao de cima e a surpreender algum pobre incauto que por engano vem parar neste espaço de reflexão profundo e de alto cabarito intelectual.
Cristo sabia a enormidade do Seu pedido, quando nos exortava a amar o próximo como a nós mesmos...saberia ele da loucura que exige tal Graal, da desmesurada inocência que a mesma subentende, dos perigos que a mesma acarreta?…saberia ele que quem segue tal ensejo está condenado a sofrer mais….a errar mais…a cair mais, a ter enxaquecas colossais por conter o seu ímpeto de mandar pastar um role de cordeiros de Deus ou do Diabo (aqui a doutrina se divide)?
Porque não ficou Ele pelo pedido sensato e pacato “Ama Deus como a ti mesmo!”, assim como assim Deus é azul, amarelo, verde agúa e até tem bolinhas coloridas que fazem lembrar bolas de berlim com creme. Parece evidente que o Altissimo não possui a natureza de pateta alegre, de besta esfomeada que faz mira à minha jugular com ar guloso ou ar de tédio absoluto de meio mundo.
Maria João
«A ignorância do bem é a causa do mal.» Demócrito. Mas, quantas vezes apesar de não existir a doçe desculpa do desconhecimento, o mal trespassa e vence! Será porque conhecer o caminho certo não chega, é necessário que ele seja a nossa própria pele, não pode ser gritado aos sete ventos mas correr paulatinamente nas nossas veias, comandando os nosso passos, o nosso respirar? Como a tabuada muitos sabem a musica, poucos a letra. Diria mais muitos até sabem a letra mas não o cálculo atrás dela, representam um saber que na realidade não possuem. Para que serve saber que 1 + 1 = 2, quando em muitas somas humanas ganha sempre a unidade.
"Repara! Repara bem! Tu não amas os homens, Hugo. Tu amas apenas os princípios." Sartre, As Mãos Sujas.
Maria joão
Desde sempre tenho consciência que não sou deste mundo. Reparo nesta cidade onde não me arrolo e vivo a contragosto, uma cidade bizarra, pejada de pessoas, ruelas escusas e prédios que se esqueceram da dimensão humana. Não me cabe a escolha de fechar-me, mas por vezes os lugares são brutalmente violentos, conquistados por gente voraz, espertalhões e velhacos encapuçados...e eu perdi a fé para andar com uma candeia, qual figura bíblica, à procura das pessoas justas e boas. Os espaços afectivos da minha infância nunca foram um lugar fácil de abandonar e quando andava de baloiço, com força e bem rápido, os meus pés tocavam a lua.
Maria João
A proposta pode ser tola, mas toma chá verde com hortelã, tem algo de subversivo, a folha é rugosa e pica levemente, não é um chá qualquer, possui um ritual próprio, tempos de fervura, e o ruído do gelo em estalidos quebradiços torna o momento quase místico. Exige portanto conhecimentos profundos, passados de forma ancestral, não sei se sabes é a bebida dos anarquistas (acabei de inventar agora, mas não abdico desta nova certeza). E dorme, a noite suaviza tudo, a escuridão torna as coisas um pouco mais irreais.
O dia revela, desvenda, descobre, nada pode ser dissimulado.
O carro, não ligues, as farpelas por passar deixa ficar, esse crescimento estilo cogumelos da montanha de roupa parece saudável. Calças sem bainha também não são assuntos prementes, aspirar da casa fica para amanhã. Toca a descansar…deita a cabeça numa almofada branca imaculada, as vermelhas ferrugem tem passado e tu precisas de um sono leve, daqueles que lavam a alma e enredam novos começos. Apaga a luz, que fique escuro, como se fosse noite serrada e sonha que és um pisco, se não conseguires pensa numa alga embalada pelas correntes profundas do oceano. Apaga-te, e deixa-te fluir.
Maria João
Quando eu tinha cinco anitos
Ganhei um Bicho Preguiça de nome Patrício.
Que dor de coração me dava;
Porque o bichinho só queria dormir de dia e viver de noite!
Levava-o no colo para todo o lado.
Ele não gostava:
Queria era dormir agarrado a uma árvore.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas
— O Patrício foi o meu primeiro namorado.
Aos seis aninhos ganhei um boi-cavalo, Ismael.
O bicho só queria pular de um lado para outro. Era bravo e indomável.
Não queria festas era grande demais para colo.
— O Ismael foi o meu segundo namorado.
Aos sete anos ganhei um macaco, doido varrido, Orlando.
Andava sempre atrás da papagaia Margarida. Um dia fugiram os dois, calculei que fosse um caso de Romeu e Julita da bicharada.
Um romance que terminou em evasão para se concretizar livremente. Desta vez chorei muito, cupiosamente.
— O Orlando foi o meu terceiro namorado.
Apartir dai calo a minha ilustre lista de animais, teria de lhes alterar o nome, para não denunciar a identidade.
Maria João
As lágrimas são dores que já não cabem cá dentro. O riso é a alegria que não se conteve no interior. E as mãos dadas em jeito de trepadeiras entrelaçadas são os afectos a transbordarem dedinhos a fora. Bocas se tocando são o silêncio de chave de ouro de amantes que acreditam que se pode revelar tudo num sopro de vida.
Em comunhão ofereçemo-nos por inteiro ao momento do anoitecer. E depois acordamos e a entrega para o outro nada foi, estranhamos e lutamos para que ela não se entranhe em nós, nos embrutecendo. Tudo isto é verdade, mas para muitos tudo isto é nada!
Por enquanto tenho-me a mim e a escuridão ainda não ganhou.
Maria João
"Não sei o que se pode esperar dos anjos, para além de que voem. É-me difícil "vê-los" cantar "I' like a bird" e desconheço como podem ter asas não tendo costas...como é do conhecimento de todos. Mas, apesar das dúvidas ou das convicções, imagino os anjos parecidos connosco...e a voar.
Talvez porque Miguel Ângelo os tenha pintado sem sexo, aos anjos as pessoas associam a ingenuidade e a pureza das crianças. Não penso assim. Imagino que as crianças se pareçam com os anjos porque, como eles, voam. Voam quando trazem alguém para os seus sonhos, como voam de encantamento movidas pela beleza que se desvenda, pela mão de alguém, ao pé de si.
Há sempre um "Alguém" em cada pedaço do nosso crescimento. Quando esse Alguém faz de "Ali Babá" e nos trás um "abre-te sésamo", sempre que se chega para nós, voamos pela sua mão. Junto das pessoas que gostam de nós, não somos anjos, se bem que, com elas, reaprendamos a voar."
ZeliaN