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Foi sozinha enfrentar a fera, vestiu a armadura, pintou a cara com pinturas de guerra, carregou no lápis dos olhos, prendeu a trunfa, colocou um anel que acreditava ter poderes mágicos protectores, era supersticiosa q.b e naquele momento qualquer ajuda era bem vinda, mesmo as de faz de conta. Respirou fundo e cerrou os punhos antes de entrar na arena. Olhou para o Dragão nos olhos, não recuou, foi para além do espaço vital dele não em jeito de provocação mas para mostrar que não se sentia intimidada e era dona e senhora dos seus propósitos. Controlou a voz até atingir o desejado timbre gelado, esgrimiu argumentos sem falha, não titubeou, não gaguejou, não deu parte fraca, não cedeu um milímetro, não baixou por uma vez sequer o olhar, não se curvou, as mãos não tremeram e nunca as escondeu nem as colocou cruzadas em redor da cintura. No final do confronto olhou-se por milésimos de segundo no imenso espelho da sala, reconheceu a miúda "enxertada em corno de vaca" que fora, eximia em andar à tareia com os rapazes, que dava murros e pontapés a torto e direito e que no calor da batalha rebolava na gravilha no recreio na escola indiferente ao decoro de uma menina, chegando a casa, vezes sem conta, de olho amassado, negras e escalpe pelado mas absolutamente cheia de si. Sairá vencedora, para o caso de ali haver vencedores e vencidos, não se sentia nem orgulhosa nem feliz apenas com a sensação de tarefa cumprida. Simplesmente tinha ultrapassado mais um obstáculo, sem um Príncipe Valente montado num garboso cavalo branco, perito em salvar donzelas aflitas de dragões desembestados, apenas com a ajuda de um fiel escudeiro, desta feita uma miúda má, meia-leca, dura de roer, sardenta e refilona que acreditava poder comer o mundo à dentada.
Saiu de lá e presenteou-se com um par de sapatos, bem vistas as coisas as amazonas merecem estar bem calçadas.