Quinta-feira, 14 de Maio de 2009
Imagina-te num automóvel ao lado do condutor. Exacto, estás a ser conduzida numa viagem que se quer e deseja bonita. A determina altura e sem aviso prévio, o condutor pede-te que saias. Pior: exige-te que abandones o automóvel. Ficas ali apeada, assustada e desorientada. A tristeza e a desilusão são sentimentos que surgem depois. Vês o automóvel a afastar-se de ti e queres gritar e implorar-lhe que regresse. O orgulho impede-te. Até que, quando ainda nem tinhas começado a processar como vais reagir e sair dali, ouves um estrondo e vês o carro a incendiar.
Como se designa aquilo que sentes nesse momento? Exacto. Não há palavras.
A vida encarrega-se de nos mostrar que há perdas menores, situações incontornáveis e pessoas destinadas. E agradeces a quem te colocou fora do carro que por acaso estava em movimento. Agradeces-lhe a queda, os arranhões e uma vida sem queimaduras. Doeu mas estás viva!.
De
Sabina a 14 de Maio de 2009 às 23:01
A minha primeira reacção foi achar que o meu blog tinha ficado branco....
Quanto ao post, e agora que estou em fase final de cicatrização das feridas, posso dizer-te o seguinte:
- irei pessoalmente à "unidade de queimados" agradecer a quem me colocou fora de carro.
- conclui que nós somos as nossas circuntâncias e as nossas opções. Aquela decisão do condutor matou-me a alma mas salvou-me a vida. Sei que foi uma decisão por irracionalidade, (só) eu sei o quanto me custou a sair daquele carro mas acredito, agora mais do que nunca, que era assim que estava destinado.
- não, não era possivel saltarem os dois do carro. Quando alguém toma uma decisão (cruel) de te colocar fora é porque está cego e irracional. E isso, como sabemos, não combina com viagens a dois. E mesmo que fosse possivel o condutor também saltar do carro, sim porque eu também me perguntei isso, eu não queria que a pessoa que me fez sair em andamento passasse o futuro ao meu lado.
Agora lucida. Há uns tempos atrás desvairada de sofrimento. Mas é na dignidade do sofrimento que se vê a nossa verdadeira essência. E eu também sou uma Senhora.
beijo
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