Quinta-feira, 4 de Fevereiro de 2010
"Os homens entregam a alma como as mulheres o corpo, por zonas sucessivas e bem defendidas." André Mauroi é o autor de tal frase, tal insight deve-se a ele. Escalpelizando a citação diria que em muitos casos as zonas do corpo das mulheres se encontram menos defendidas que a entrega da alma dos homens.
O que é o mesmo que dizer que já dei o meu corpo, tipo dança dos mil véus (ou 5 ou 4 ou 3 véus…ao ritmo da cebola ou mais ao jeito de tangerina) e não vi alma alguma do outro lado . Deduzi que a tal alma se encontraria em estado vegetativo, um caso de alma couve lombarda ou alforreca.
Tendo em achar que em determinada geração, onde eu me arrolo, os homens foram criados com um certo grau de analfabetismo afectivo, sendo incapazes de entrar em contacto com os seus sentimentos, não possuindo a capacidade de empatia para com o outro e tendendo a considerar a mulher com um ser de outra espécie: confusa, tagarela, inconsequente e dada a traições várias.
Existem neles arquétipos profundos, dicotómicos: Lilith (mulher diaba) prostituta por excelência, a Nossa Senhora e a Mãe, enfim o oito e o oitenta.
Sei, não me atirem pedras, existem excepções, poucas verdade…mas existem!
Maria João
De J.Rodrigues a 4 de Fevereiro de 2010 às 22:59
Eu tenho paletes de afecto para te dar. Até gosto de mulheres diabas. Fico contente por voltares a escrever. Beijos
De Gustavo João Costa a 24 de Fevereiro de 2010 às 01:26
É um discurso desalmado de uma cebola que não tem onde se descascar. O ideal para uma mulher que está fora de horas é comprar uma daquelas revistas cor-de-rosa, responder a alguns anúncios e depois ficar caladinha... com a marmita cheia!
Oh! João, não esperava! Foi uma desilusão,sobretudo não conhecendo tu a pessoa em causa!
Zi
De Gustavo João Costa a 28 de Fevereiro de 2010 às 03:41
Não Zi, não conheço, mas sei interpretar o que li!
Já nem direi fora de horas... talvez fora de prazo!
De Marcantonio Raimondi a 2 de Março de 2010 às 19:09
No primeiro véu, entregas a espera e esse aguçar dum apetite cor de manga... no segundo véu, entregas a dúvida e um olhar com cheiro a bosque e frutos vermelhos... no terceiro véu, entregas cadências sinuosas onde a tua coxa é caminho... no quarto véu, entregas cintilações, luzes de uma cidade nocturna onde desmaias o desejo... no quinto véu, entregas-te à sede da tua pele. Ao quinto véu, entregam-se feras de instinto selvagem.
Marcantonio Raimondi e o seu famoso livro erótico "Os 16 prazeres"…Bem haja neste modesto blog. Verdade muito se fala de Kamasutra, mas a ligação feita por si entre o imaginário (figuras mitológicas, históricas e todo um panteão de deuses…da deusa Vénus à excêntrica Messalina passando pela fogosa Cleopatra) e o prazer e a luxúria, fazem desse manual de instruções indiano um livrinho sem interesse, onde há pouco ou nenhum espaço para a transcendência, para o vaguear noutros mundos e tempos.
É com um indescritível agrado que recebo o seu comentário, também ele dotado de uma prosa verdadeiramente galanteadora :-).
Obrigado por ler as minhas patacoadas e lhes dar algum do seu tempo. Que caia o 8 véu - o da empatia!
Maria João
De Marcantonio Raimondi a 3 de Março de 2010 às 13:37
O sexto véu é de Marte e Vénus.
O sétimo véu é de Polyenos e Criseida.
O oitavo véu: Éneias e Dido?
Vejamos Marcantonio Raimondi, o que torna o teu livro distinto dos demais é o facto de juntar uma posição sexual a uma narrativa histórica, não é que tenha a mesma função moralizadora das fabulas de La Fontaine, contudo, a verdade é que se torna impossível não ligar as cambalhotas retratadas ao contexto das mesmas.
Dido apaixona-se por Enéias, que jura parar de uma vez por todas com suas aventuras e peregrinações amorosas (até aqui tudo bem…poético até!). Após algum tempo…com passarinhos, flores e também pores-do-sol vários…. Enéias resolve voltar aos seus velhos hábitos de conquistador, desta feita com a desculpa comum que tem o imperativo de fundar uma nova cidade (o trivial!...homem sai para comprar cigarros e não volta!). Sentindo-se vilipendiada (sentimento só por si algo difícil de escrever) e ensandecidada pelo amor não retribuído (vulgo ataque de histerismo), ela suicida-se numa pira funérea (o que é pouco ecológico por causa da fumaça).
Não é portanto o véu 8 a minha escolha eheh mantenho a empatia que por acaso não ilustraste eheh
Maria João
De Marcantonio Raimondi a 3 de Março de 2010 às 16:16
Quem sabe se ilustrei, demasiado bem... ou até literalmente.
Marcantonio Raimondi deve se referir a uma ilustração literaria no sentido de literatura...escrita...prosa...palavras e não actos...como diria o livro "Pragmatica da comunicação" uma realidade construida por palavras...calculo e respeito a sua criatividade!
Maria João
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