Sexta-feira, 11 de Fevereiro de 2011
Mas havia também um tronco...O tronco de uma Casuarina que não soube viver no deserto. Ficava na direcção da outra, mas mais longe, a caminho da praia.
Era desse tronco que a Menina gostava mais. Estava sempre ao alcance do seu olhar. E então, nos dias de garroa, quando ficava horas esquecidas atrás das vidraças, que impressão lhe fazia aquele tronco nu, sozinho no meio do areal! Pobre tronco! Que desamparo! (-"Deve sentir frio!")... A Menina tinha pena dele.
E ao cair da tarde, quando ele começava a tornar-se cada vez mais negro, cada vez mais só, sentia uma inexplicável tristeza e ficava, muitas vezes, encostada a ele, a ver o Sol desaparecer no Mar da Contracosta.
Mas à luz do Sol a Menina gostava muito daquele tronco e tinha para ele ternissímas delicadezas que a Casuarina grande nunca experimentava. Ele queria que o respeitassem e o tratassem tão bem como à Casuarina. Às vezes trazia-lhe um bocadinho de água (-"Tás cheiinha de sede!").
Um dia de vento cortante vestiu-lhe um trapo. Até os negros se riam de tais cuidados!
-Minina, isso stá moreu.
-Não morreu nada. Se morresse não estava em pé!
Poisava-lhe a mão, num jeito maternal e punha-se a procurar-lhe algum rebento...
Tinha esperança de que o tronco desprezado viesse a tornar-se tão grande como a Casuarina...
ZeliaN